Devaneios sem sentido

segunda-feira, julho 19, 2004

“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica tenho febre e escrevo...”

Doem-me os olhos pela artificialidade da luz desta manhã de Verão.
Baralham-se-me os pensamentos com o zunir perpétuo das máquinas.
Treme-me o corpo num espasmo provocado pelo tremer do chão,
Quando uma qualquer máquina o atinge ou arranha.

Vagueio pela fábrica, deslocado, como uma alma errante
Esperando que tudo passe.

(Passam empilhadores e pontes
Passam vidas e horizontes

Ninguém de si tem domínio
Passam perfis de alumínio.)

E tudo passa,
Tudo passa,
Tudo passa.
E eu fico a ver passar...

Tanto se me dá!

Pelo menos, agora percebo Campos, percebo as dolorosas luzes,
Percebo que não importa...